Resumo

Título do Artigo

OLHARES SOBRE AS PRÁTICAS DE STRATEGIZING E DE ORGANIZING COM A INSERÇÃO DA MEDICINA INTEGRATIVA NA SAÚDE PÚBLICA
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Palavras Chave

Contextos pluralísticos
Organizing
Strategizing

Área

Administração Pública

Tema

Gestão em Saúde

Autores

Nome
1 - Vanessa Alves Pinhal
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FAGEN
2 - Jacquelaine Florindo Borges
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - Faculdade de Gestão e Negócios

Reumo

A Constituição Federal brasileira de 1988 reconheceu a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado, estabelecendo a base para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, aprovada em 2006, proporcionou aos usuários do SUS o acesso a práticas médicas da medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, fitoterapia, dentre outras. Essas práticas são incorporadas pela abordagem da Medicina Integrativa que foca a prevenção e não a doença (RAKEL, 2012), portanto sua inserção afeta a dinâmica das unidades municipais de saúde.
Esta pesquisa busca responder a seguinte questão: como se configuram as práticas de strategizing e de organizing com a inserção da Medicina Integrativa (MI) no sistema público de saúde, a partir da perspectiva da estratégia como prática social? O objetivo é analisar a configuração dessas práticas em unidades de saúde que oferecem essas novas práticas. A pesquisa foi realizada em três unidades de saúde localizadas na cidade de Uberlândia que estabeleceu em decreto de 2013 o Programa Municipal de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PMPICS).
Estudos da estratégia como prática, saúde pública e MI e os conceitos de estruturação (GIDDENS, 2009) e campo social (BOURDIEU, 1996) fundamentam o contexto da saúde pública: individual-coletivo, prevenção-promoção, valorização social de hábitos saudáveis, medicina integrativa-convencional; e as duas categorias de pesquisa: organizing da MI − valores, imagens, interesses e formas de interação entre praticantes, maneiras de disseminação das práticas; strategizing da MI − objetivos e expectativas, destinação de recursos, entendimento, consensos e divergências sobre resultados e o futuro da MI.
A partir de pressupostos interpretativistas e uma abordagem qualitativa, a pesquisa foi conduzida em três unidades de saúde de Uberlândia. Para a coleta dos dados utilizou-se a pesquisa documental, a observação não participante e as notas de campo e entrevistas semiestruturadas com coordenadores, profissionais da saúde, usuários das unidades e representantes do Conselho Regional de Medicina, do Conselho Municipal de Saúde e da Comissão Consultiva das PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde). Os dados foram analisados conforme preceitos da análise de conteúdo (BARDIN, 1977).
O contexto de inserção das PICS é caracterizado por dependência política, hierarquização e corporativismo, invisibilidade da MI, mudança de mentalidade, precariedade do trabalho e de recursos, tensões entre paradigma curativo e preventivo. Os resultados mostram relação desequilibrada e interdependente entre strategizing e organizing. A primeira tem origem no fato das unidades de saúde seguirem macroestratégias estabelecidas sem que sejam consideradas suas práticas de organizing. A segunda explica-se por um alinhamento entre organizing e strategizing (micro), e os objetivos propostos (macro).
A pesquisa mostra a necessidade de pensar as especificidades de cada unidade do sistema de saúde para a inserção de novas práticas de atendimento. O estudo das práticas de organizing e strategizing em contextos pluralísticos permite compreender a configuração dessas práticas a partir de mais de um modo de associação, trazendo à tona avanços e lacunas na inserção de novas práticas, especialmente de MI. Os olhares sobre os modos de configuração dessas práticas mostram os praticantes fazendo uso de regras e recursos conforme macroestratégias, mas também os mostram criando novas alternativas.
BOUDIEU, P. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983. BOURDIEU, P. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996. GIDDENS, A. A constituição da sociedade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. JARZABKOWSKI, P.; FENTON, E. Strategizing and organizing in pluralistic contexts. Long Range Planning, v. 39, p. 631-648, 2006 WHITTINGTON, R.; MOLLOY, E.; MAYER, M.; SMITH, A. Practices of strategising/organising: broadening strategy work and skills. Long Range Planning, v. 39, p. 615-629, 2006. RAKEL, D. Integrative medicine. New York: Elsevier, 2012.