Resumo

Demandas da sociedade impõem desafios ao docente do Ensino Superior, diante internacionalização, da diversidade cultural, de novas concepções educativas e da demanda por produção acadêmica com foco em rankings, por exemplo. Surge, então, a ideia de que as competências docentes precisam ser sustentáveis, ou seja, flexíveis, adaptáveis e estratégicas.

Com esse argumento, questiona-se sobre quais dimensões definem competências do docente do Ensino Superior no contexto da sua sustentabilidade profissional? Para tanto, objetiva-se dimensionar competências do docente para o ensino e a pesquisa e compreendê-las à luz das demandas profissionais da atualidade.

A formação tradicional de professores não mais se mostra satisfatória (MARLI, 2010). Na leitura de Moura e Soares (2009) e Duarte (2004), por exemplo, as competências passam a ser sustentáveis se mais flexíveis, estratégicas, adaptáveis e compatíveis com demandas da sociedade. Ao docente no Ensino Superior, então, compete conhecimentos, habilidades e atitudes voltados à inovação e a cooperação (ALMEIDA, 2008), e à construção coletivas de alternativas superadoras de problemas que emergem na atividade profissional (REBELO; PESSOA; BARREIRA, 2010).

A pesquisa, aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa, apresenta duas etapas. A quantitativa, efetuou Análise Fatorial Exploratória e Análise Fatorial Confirmatória com base nas respostas (213 docentes) ao questionário (adaptado para esta pesquisa) do instrumento de Pereira (2007). A qualitativa, com base em três entrevistas semiestruturas (Gestores da área de Ensino, Pesquisa e Extensão), referiu as dimensões identificadas na fase quantitativa aos conteúdos, quando, por meio de co-ocorrências, discutiu-se sobre competências sustentáveis do docente.

A sustentabilidade associa-se à (ao): Flexibilidade, quando a capacidade reflexiva coloca o docente ativo na reinvenção de suas atividades; Gestão, que emerge como componente essencial, embora ainda seja negligenciada; Domínio Didático-Pedagógico, quando o ato de “ensinar” é convocado à propiciar relacionamento interpessoal saudável, com base na capacidade comunicativa; Domínio em Pesquisa, apresentado como o centro da atuação docente; Comportamento Ético, como uma competência rara, embora valorizada; e a Inovação e a Cooperação requisitadas à formação de novos conhecimentos coletivamente.

No agrupamento das seis dimensões, têm-se que competências sustentáveis alinham-se à flexibilidade, que se desdobra em empatia, proatividade e adaptação; à habilidade com gestão, no sentido do saber-fazer diante das atividades cotidianas; ao potencial didático-pedagógico, que alia conhecimentos em sintonia com um ambiente interativo e comunicativo; ao compromisso ético, diante da responsabilidade social e política; à Inovação e à Cooperação, em busca de formulações inovativas coletivamente. A pesquisa surge como competência-chave , haja vista a discussão de sua integração com o ensino.

MARLI, A. Formação de professor: A constituição de um campo de estudos. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 174-181, set. /dez. 2010; MOURA, M. A. M.; SOARES, F. A Sustentabilidade da Carreira dos Profissionais no Século XXI: Reflexões sobre as Competências Baseadas no Comportamento de Entrega e o Mito Proteu. Revista Gestão & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 9, n. 2, p. 1-16, ago./dez. 2009; PEREIRA, M. A. C. Competências para o ensino e a pesquisa: Um Survey com docentes de engenharia química. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2007.