Resumo

A cultura corporativa é considerada um constructo-chave para explicar os efeitos sobre o desempenho empresarial (Flamholtz & Randle, 2012). Fatores específicos relativos às firmas na consecução de seus objetivos estão associados às diferenças culturais. Assim, a cultura pode se mostrar distinta a partir do tamanho, setor e situação financeira da firma, bem como a partir do país, região, economia, dentre outros, justificando a relevância de um estudo comparativo a partir de distintos contextos.

Considerando a heterogeneidade da cultura entre as empresas, o estudo investiga a cultura corporativa a partir dos fatores organizacionais e institucionais das empresas listadas na Nyse. Com base na literatura sobre o assunto (Ferreira et al., 2002; Schreiber & Pinheiro, 2011), defende-se que a cultura corporativa e suas tipologias culturais corporativas diferem-se e associam-se a partir dos aspectos organizacionais e institucionais.

A literatura tem discutido o efeito da cultura corporativa e suas tipologias no desempenho empresarial (Fekete & Böcskei, 2011; Yesil & Kaya, 2013). Estudiosos destacam que toda empresa é única, possui atributos particulares, identidade peculiar e cultura própria (Ferreira et al., 2002; Schreiber & Pinheiro, 2011). Assim, subentende-se que diferentes tipologias culturais corporativas (Cameron et al., 2006) existem em consequência das dessemelhanças culturais entre as unidades organizacionais.

Foram realizadas análises comparativas e associativas, utilizando teste t de Student, análise de variância e análise de correspondência, com dados de 141 empresas (846 observações), período de 2009 a 2014. A cultura foi mensurada a partir dos relatórios anuais 20-F das empresas, conforme Fiordelisi e Ricci (2014). Os aspectos organizacionais (setor e efeito de crise da firma) e institucionais (localização regional, continente, sistema legal e desenvolvimento econômico) provêm de fontes diversas.

A cultura competitiva é dominante nas empresas, seguida pelas tipologias colaborativa, de controle e criativa. A tipologia cultural se mostra diferenciada na comparação entre fatores como setor, localização regional, continente e sistema legal. Considerando crise financeira da firma e desenvolvimento econômico, a tipologia colaborativa e a de controle se mostraram distintas. O setor, o continente e o sistema legal se mostram associados à cultura fraca, moderada e forte, respectivamente.

Os resultados mostram que, de fato, a cultura e suas tipologias (colaborativa, competitiva, criativa e de controle, segundo o modelo Competing Values Framework), apresentam-se diferentes e associadas a partir dos aspectos organizacionais e institucionais, corroborando o argumento de diferenças culturais apontado pela literatura. Diante dos achados, aceita-se a hipótese de que a tipologia cultural corporativa se apresenta distinta e associada com os aspectos organizacionais e institucionais.

Cameron, K. S., & Quinn, R. E. (1999) Diagnosing and changing organizational culture:based on the competing values framework. Reading, MA: Addison-Wesley. Flamholtz, E. G., & Randle, Y. (2012) Corporate culture, business models, competitive advantage, strategic assets and the bottom line: theoretical and measurement issues. Journal of Human Resource Costing &Accounting, 16(2), 76-94. Fiordelisi, F., & Ricci, O. (2014) Corporate culture and CEO turnover. Journal of Corporate Finance, 28, 66-82.